O mundo das apostas na visão de um tipster profissional
- Danilo Perez

- 7 de mar. de 2022
- 7 min de leitura
O mercado de apostas esportivas, cresce ano após ano no cenário mundial. Esse crescimento pode ser muito bem visto no Brasil, já que esse mercado movimenta cerca de R$12 bilhões por ano. Não à toa, entre os clubes da série A do Brasileirão, somente o Cuiabá não possui patrocínio de alguma casa de apostas. Como exemplos, temos o Flamengo, Avaí, Goiás e América-MG patrocinados pela Pixbet e Fluminense e Atlético-MG, pela Betano. Ou seja, podemos ver que as apostas esportivas vem ganhando cada vez mais relevância no país.
Mas como, de fato, é esse mercado aqui no Brasil? Como é a vida de um apostador profissional? É claro, que é algo muito novo no Brasil – foi legalizado somente em 2018 - e que ainda é muito mistificado por aqui. Para entender um pouco mais sobre esse ramo, entrevistamos Jean Carlos, de 27 anos, que começou a apostar em 2016 e ganha a vida com isso desde o ano passado. Ele nos contou sobre sua relação com esse mundo das apostas.
“O primeiro contato que tive com aposta foi com tênis. Fiz duas apostas, tomei dois reds. Não tinha nenhuma noção de gestão de banca. Peguei, botei dinheiro e simplesmente apostei.”
A vida de quem aposta não é baseada no achismo. É necessário muito estudo e análise, para que se entenda o máximo possível do mercado e assim, consiga achar as melhores oportunidades. Jean afirmou que precisa estar, constantemente, ligado nos jogos. Mesmo que, aparentemente, à toa, o tipster tem que estar pesquisando o tempo todo: “Até em viagem, paro e falo ‘calma aí, vou pegar o telefone aqui rapidinho’. É assim, as vezes você não está fazendo nada, mas está fazendo alguma coisa.”.
Jean falou sobre seu início no mundo das apostas, evidenciando que não é o mar de rosas que muitos imaginam. É preciso todo um processo de evolução e conhecimento do mercado e dos esportes, para que assim, seja possível apostar de maneira consciente. Ele explicou: “No final do ano passado, voltei para o Twitter e foi gerando engajamento e decolou de vez. Aí que eu comecei, efetivamente, a trabalhar com público grande, de mil, dois mil, dez mil pessoas.”. Atualmente, Jean conta com quase 15 mil seguidores no Twitter e mais de 4 mil no seu grupo gratuito do Telegram.

Antes de trabalhar com apostas, Jean trabalhava como Uber. Após o sucesso nas redes, ele optou por começar o seu grupo vip de tips – o qual somente os que pagam tem acesso a ele. “Estava numa fase muito boa. Todo mundo falava ‘abre um grupo vip’, mas eu dizia que não tinha tempo, por que trabalhava de Uber e ficaria difícil para eu conciliar as duas coisas. Pensei em dar meu jeito e abrir meu vip, para ver o que iria acontecer. O primeiro mês deu muito certo, a gente terminou o mês com quase 35 unidades de lucro.”.
Atualmente, Jean não trabalha mais como Uber, com muito trabalho e esforço, ele consegue viver somente das apostas. Porém, num mercado em que o lucro não é certo, ele atenta sobre a necessidade de estar sempre focado: “Consigo viver assim, estou levando a vida desse jeito, mas sei que é momentâneo. Eu tenho que continuar tendo bons resultados para continuar vivendo dessa forma, não posso me dar o luxo de relaxar.”. O mundo das apostas esportivas ilude muitos, afinal, muitos pensam como uma forma fácil de fazer dinheiro ou até acham que é sorte. Porém, com as falas de Jean, fica muito claro o tanto de dedicação, tempo e estudo que exige da pessoa para ser um apostador profissional e para conseguir sustentar-se disso.
“Quero que meu grupo cresça, quero poder, realmente, viver disso. Acho que eu tenho essa capacidade, essa condição.”
Com muito empenho, Jean chegou no patamar em que está hoje. Não basta pensar que entende de determinado esporte, que já chegará lucrando centenas de reais com apostas. Ele aconselha: “Estuda, senão você estará sempre dependendo de outras pessoas analisarem para você, mandarem apostas para você.”. É realmente um trabalho, como qualquer outro, que vem ganhando cada vez mais destaque no Brasil.
Por fim, ele comenta sobre as dificuldades de trabalhar com o público. Ele explicou sobre os xingamentos, críticas e reclamações de muitas pessoas na internet. Muitas dessas, ele nem responde para não perder seu tempo ou se irritar. Porém, simultaneamente, ele elogia seu público e fica muito feliz pelo reconhecimento do seu trabalho: “No geral, pelo menos no meu Twitter, a maioria das pessoas são bem tranquilas. Algumas me tratam super bem, me tratam como se fosse um rei e não sou nada disso.”. Atualmente, com seu grupo vip, gratuito e compartilhando apostas nas redes sociais, Jean mostrou que o mundo das apostas não é dos mais fáceis, mas com muito afinco, qualquer um pode fazer dinheiro apostando e, quem sabe, um dia viver trabalhando somente com isso.
Mais perguntas realizadas:
1. Em qual momento entrou no mundo das apostas a trabalho?
“Comecei a trabalhar com apostas no ano passado, me juntei com um amigo (Marco) que fiz pela internet, que também tem um grupo. Então criamos um outro grupo gratuito no Telegram e depois abrimos um vip temporário. Tivemos bons resultados, mas assim que acabou o vip, me afastei um pouco e continuei fazendo minhas apostas recreativas. No final do ano passado, voltei para o Twitter e foi gerando engajamento e decolou de vez. Aí que eu comecei, efetivamente, a trabalhar com público grande, de mil, dois mil, dez mil pessoas.”
2. Você já se estabilizou nos seus métodos e estratégias de apostas ou está sempre em busca de algo novo?
“O mercado varia muito de um dia para o outro, não tem como eu mandar hoje a mesma entrada que mandei ontem, não todas iguais. Tem sempre que estar mudando alguma coisa, sempre tem uma variância. Temos que estar sempre atentos a isso, sempre estudando, buscando informações e analisando.”
3. Por que optou por apostar mais no basquete e tênis?
“De uns 3-4 anos para cá, eu fui me afastando do futebol. Assisto muito pouco. Apostava bastante no futebol, mas não sei o que acontecia, mas não dava liga, eu não conseguia ser lucrativo a longo prazo. Faço uma ou outra aposta quando um amigo manda, mas não procuro fazer análise de futebol. Já no tênis e basquete não, eu vivo disso e procuro informações, faço análise. Enfim, é o que eu gosto de fazer, eu gosto de trabalhar com esses dois esportes.”
4. Hoje você tem seu canal vip, como foi todo processo até chegar nesse patamar?
“O vip eu abri em fevereiro de 2022. Voltei a lidar com o público, pelo Twitter, no final de 2021. Já vinha fazendo minhas apostas e mandava as apostas no Twitter, foi uma coisa que foi acontecendo. Estava numa fase muito boa, muitas apostas dando green. Todo mundo falava ‘abre um grupo vip’, mas eu dizia que não tinha tempo, por que trabalhava de Uber e ficaria difícil para eu conciliar as duas coisas. Ficaram me pentelhando por dois meses. Pensei em dar meu jeito e abrir meu vip, para que ver o que iria acontecer. O primeiro mês deu muito certo, a gente terminou o mês com quase 35 unidades de lucro, um resultado que eu diria que foi bastante bom.”
5. Quais maiores dificuldades de trabalhar com apostas esportivas?
“Lidar com o público. As vezes a pessoa nem te paga para ter aquilo. Xingamento não é válido, mesmo que a pessoa pague pelo serviço, ela não tem o direito de te xingar, mas você entende, entre aspas, a raiva da pessoa porque ela está pagando por um serviço e, às vezes, não está dando certo. Esse mundo, não tem ninguém que garanta o 100% de green todos os dias, é impossível, não tem. No Twitter tem muita gente que eu finjo que nem vejo ou não respondo porque estressa. Tem dois tipos: as pessoas que não sabem lidar com red; e as pessoas que são chatas, quando tem green, fica toda hora postando, querendo atenção, querendo que eu responda. Tem que ter muito jogo de cintura, lidar com público é bem difícil. Mas no geral, pelo menos no meu Twitter, a maioria das pessoas são bem tranquilas. Algumas me tratam super bem, me tratam como se fosse um rei e não sou nada disso. O que eu faço, muita gente faz. Estou me acostumando com isso ainda, de ser parado na rua. Quatro vezes já me pararam. Eu fico super feliz, mas ainda meio assustado. Num festival de rap aqui no Rio, dois moleques me pararam e falaram ‘caraca mané, ganho muito dinheiro contigo’. É assim, maior loucura, quando acontece fico muito feliz. Reconhecimento pelo meu trabalho é tudo.”
6. Cada vez mais times de futebol são patrocinados por casas de aposta. Você acha que isso ajuda a abrir a mente dos brasileiros em relação às apostas?
“Eu vejo com muito bons olhos. Ajuda tanto os clubes, quanto as casas de aposta e quem quer entrar nesse mundo para apostar. Tem aquela visibilidade, para descobrir se a casa é boa ou se não é. As pessoas ficam curiosas porque aquele time está sendo patrocinado por aquela casa de aposta. Aí a casa de aposta ganha, o time ganha, todo mundo ganha. Sendo uma casa de aposta séria, é válido, afinal tem muita casa de aposta que não é muito confiável.”
7. Quais são seus planos futuros e as principais metas?
“Eu queria manter meu grupo, é um objetivo que eu tenho. Demorei muito para entender que eu deveria fazer isso, até por mim mesmo, como realização própria, porque estou podendo ter a chance de ajudar muitas pessoas, estou ganhando para isso, todo mundo ganha. Ao mesmo tempo que eu consigo ser lucrativo, as pessoas conseguem também. Quero expandir isso, quero trabalhar com outros esportes no meu grupo, mesmo que não seja eu que analise, porque acho que fica muito pesado para mim trabalhar com NBA, tênis, aí se eu for trabalhar com o futebol, enfim, é muita coisa para uma pessoa só, teria que ter um suporte, assim como tenho no meu grupo free. Quero que meu grupo cresça, quero poder, realmente, viver disso. Acho que eu tenho essa capacidade, essa condição. Mesmo sendo difícil, sendo uma coisa muito instável e variável, já que não temos garantia de nada. Mas se você estudar e se dedicar, a chance de dar errado diminui bastante.”
8. Quais dicas você daria para quem está entrando no mundo das apostas agora?
“Primeiro de tudo, focar no que você entende é o crucial. Não estou dizendo para esquecer outros esportes, mas no primeiro de tudo, vai no que você tem mais confiança. Segundo, siga as pessoas certas. Se você não tem conhecimento em futebol, em tênis, mas quer apostar, que são mercados que podem ser muito lucrativos, se você seguir as pessoas certas, vai lucrar. Se tiver que pagar o trabalho de alguém, procure pessoas de confiança. E estuda, se não você estará sempre dependendo de outras pessoas analisarem para você, mandarem apostas para você. É que nem andar de bicicleta, você pode não saber hoje, mas se você estudar, irá aprender e conforme for aprendendo, você vai sentindo confiança para apostar cada vez mais sozinho. É um processo, para você não ficar sempre dependendo de alguém. Começa pelo que sabe ou o que tem confiança e vai expandindo para o que não sabe, buscando, estudando. Acho que depois de um tempo, ela vai conseguir andar com as próprias pernas sem depender de ninguém.”



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