A punição da Rússia e a seletividade da Fifa
- Micael Olegário
- 4 de mar. de 2022
- 2 min de leitura

O futebol é um esporte que movimenta milhões de pessoas ao redor do mundo. Além disso, como os demais esportes possui aspectos sociais e de representatividade que são muito relevantes para a sociedade. Por isso, mesmo o que acontece longe das quatro linhas também impacta o futebol. É esse o caso da guerra entre Ucrânia e Rússia.
A invasão russa na Ucrânia gerou várias repercussões e também justificadas condenações ao uso da força e do poder bélico contra um Estado Soberano e contra civis. Em uma dessas repercussões a Fifa resolveu punir a Rússia e suspender a seleção e os clubes russos de competições internacionais. Uma medida importante, pois como dito, o esporte e o futebol não podem ficar alheios a situações de crise humanitárias, como é o caso de uma guerra.
No entanto, essa decisão da entidade máxima do futebol causa estranheza e gera questionamentos por sua seletividade e hipocrisia. Afinal de contas, a Fifa jamais puniu outras nações por terem iniciado conflitos bélicos e causado crises humanitárias. Além disso, a Fifa recorrentemente faz parcerias com ditaduras consolidadas que agridem os direitos humanos e os direitos das mulheres, como é o caso da Arábia Saudita.
O Mundial de Clubes de 2022 por exemplo foi disputado em Dubai, um emirado marcado pela repressão às mulheres e à comunidade lgbtqia+, e que lidera uma coalizão contra o Iêmen, em uma guerra que deixa inúmeros mortos diariamente. Porém, a Fifa só tem olhos para os petrodólares do emirado saudita e faz vista grossa ao desrespeito de direitos humanos nesse casos.
A Fifa também fecha os olhos para o que acontece no Catar, país que deve sediar a Copa do Mundo em 2022, e onde uma mexicana foi condenada a 100 chibatadas por denunciar uma agressão. A exploração de trabalhadores no Catar também é deixada de lado, pois o que importa é a infraestrutura e a beleza dos estádios.
Espera-se que essa atitude da Fifa com relação à Rússia seja uma guinada na sua postura diante de toda e qualquer crise humanitária e agressão aos direitos humanos, por qualquer nação. Ainda assim, é difícil imaginar que isso acontece, afinal de contas, levando em consideração os interesses políticos e econômicos, que podem até não entrar em campo, mas que também influenciam o futebol e o esporte no geral.



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